segunda-feira, julho 27, 2009

Chuva


Quando chove em São Paulo, não é como quando chove em Três Lagoas.
Quando chove em São Paulo, o céu fica cor de chumbo e toda a cidade também. É um cinza tão forte, que parece que vai ficar assim para sempre. Tudo fica meio triste. Não, eu não estou triste,
pelo contrário. Mas é difícili maginar como alguém pode ser absolutamente feliz em dias de chuva em São Paulo. Alguém é absolutamente feliz? Já pensou, nascer em um dia assim? Ou se casar num dia assim? Ninguém está livre.

Quando chove em São Paulo, parece Macondo.

"Choveu durante quatro anos, onze meses e dez dias. Houve épocas de chuvisco em que todo mundo pôs a sua roupa de domingo e compôs uma cara de convalescente para festejar a estiagem..."

Gabriel García Marques - Cem Anos de Solidão

segunda-feira, julho 20, 2009

O Troco

Eu acabei de ler num blog uma postagem sobre o termo "Se cuida" e também preciso me manifestar.
Para falar a verdade, antes de ficar sabendo sobre a exposição "Cuide de você" da Sophie Calle, eu achava que só eu e a Jú tinhamos ódio de quando recebíamos, depois do beijo de boa noite no carro em frente de casa, um "Se cuida"-destruidor-das-esperanças. Me senti amparada e até um pouco menos neurótica, depois que vi o quanto essas palavrinhas incomodam de um modo geral. O problema é que: alguns ainda fazem uso desta maneira no mínimo indelicada de dizer: "Se cuida, porque eu é que não vou cuidar".
MAS (ahahahahahah) depois de vários Secuidas que eu já levei na vida, resolvi dar o troco. No último mês tive a oportunidade de mandar dois, de propósito, a quem bem merecia. Depois do conhecido sumisso sem qualquer explicação, nem sentido, nem educação, aquele papinho "pois é, você anda sumida, quanto tempo, blá blá bla" eu mandei com a boca cheia no final na conversa: "Se cuida, heim". O HEIM também é de matar.
Está aí uma boa utilidade. Uma carta na manga. Um trunfo, para os que, como eu não conseguem nunca, nem de brincadeira serem superficiais.

quinta-feira, julho 16, 2009

Voltei

Depois de muito tempo, cá estou novamente. Me voltou a vontade de escrever.

Estou nos últimos meses sem um livro ou autor "fixo". Como é de costume, me apego a algum escritor e nele mergulho. Só me tem caído nas mãos livros de contos e sinto vontade de ler um bom romance. E assim fico pulando: Ítalo Calvino - Gore Vidal - Borges... cada um num dia da semana.
Meu pai me mandou por sedex (com um bilhete querido) o livro de contos "Vagamundo" do uruguaio Eduardo Galeano. Estou gostando. Interessante a proximidade, não apenas física, por ser um escritor latino americano, mas de como a escrita tem algo bem brasileiro em suas entranhas.
Quero ler algum do Rodrigo Lacerda. Não apenas porque não conheço, mas acho que preciso ler mais os autores contemporâneos.
E o Marçal Aquino que anda sumido? Ou sou eu que estou desinformada?