sexta-feira, novembro 27, 2009

Trégua


Não, hoje não. Hoje eu estou exausta. De ontem, de hoje, de anos.
Quando foi a última vez que eu me entreguei?
Hoje me coloque na cama com lençóis limpos brancos. Faça festinha nos meus cabelos, me segure o rosto, me segure no seu colo seguro. Me faça dormir com canções e prometa que tudo vai dar certo. E então vele meu sono solto, sopro, sob a luz do abajur que você não gosta.
Me deixe acordar quando meus olhos se abrirem e neste momento esteja ao meu lado só para olhar meus olhos de gato, de um azul inchado e satisfeito. E só para me contar que está tudo bem.

segunda-feira, novembro 16, 2009

Confiança

Hoje aconteceu assim: Estávamos ensaiando o flamenco. A coreografia inteira. Tudo correndo bem. A Vera me chamou num canto, olhou bem nos meus olhos e disse “Acredite em você! Confie em você! Eu confio.”
A partir daí foi Tiento com suor. Ou seriam lágrimas?

terça-feira, outubro 13, 2009

Colo

Hoje:
"Me protege?"
"Do que?"
"Deste dia nublado"

Betty Blue

Porque eu gosto tanto deste filme? Não sei.
Porque assisto uma, duas, três, dez vezes? Não sei.
Talvez aquele lugar quente, solar, decadente, no meio do nada.
Talvez a música que dá dorzinha.
As cores das cenas azul e rosa.
O amor incondicional do Zorg pela Beth.
O ar eloquente, instável, juvenil e fresco (de frescor) da Beth.
Talvez a pureza e serenidade do Zorg no meio da loucura toda da Beth.
Talvez.
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Eu queria agora uma varanda igual aquela com uma noite e uma mesa cheia de bebidas, cigarros e comidinhas também. Um banco de madeira com encosto, onde cabem dois.
E as minhas pernas em cima de outras pernas, em cima do banco.
E também gargalhadas bêbadas antes de ir para o quarto.

terça-feira, setembro 08, 2009

Sobre o futuro

E pensar que eu ainda tenho tanto para conhecer. E pensar que esse lado desconhecido eu tenho sede de desvendar deliciosamente.
É que eu só tenho surpresas boas.
Porque o que vem vindo, vem do bem, da harmonia, do querer, do sim, do prazer e das gargalhadas.
Pode vir, futuro. Pode vir como o vento, que foi nos saudar ontem, no minuto antes do sol, na varanda. Estávamos eu, você, um cigarro e as estrelas.
E o que veio depois disso, só poderia ser mesmo azul.

sexta-feira, agosto 28, 2009

Pode vir


Não, não é nada disso. Não mais.
Porque agora eu não sinto mais o cheiro de abismo.
O que sinto agora é cheiro de abraço. Abraço forte, que me dá um conforto que eu nem sabia mais que existia.

quarta-feira, agosto 12, 2009

Fragmentos da Felicidade






Sabe aqueles momentos que você tem plena consciência da felicidade? E que além de vivê-los, minutinho, por minutinho, você sabe que, uma dia, lembrará deles com saudade?
Então foi isso. Foi isso que vivi no meu final de semana:
Festa.Roupa para festa. Cabelo para festa. Beber. Dançar.Risada. Bwana-bwana.Cantar.Abraço.Dia que amanhece. Companhia. Boa Companhia. Boa-Companhia-que-cuida-de-você.Carinho.Dia azul. Sol.Cachorros.Roupa nova.Grupo Corpo.Bons amigos.Jantar.Boa conversa.Dia azul de novo.Uma familia de amigos.Crianças no colo.Crianças penduradas em você. Crianças que fazem declarações de amor a você.Comida boa.Amigos que cresceram com você.Risadas de novo.Notícias de que tudo está bem agora.Apresentação de flamenco.Musica boa. Bailaolas.Cantaoros.Palmas.Soleás por Bulerías.Volver.

Então, isso é a felicidade.

quarta-feira, agosto 05, 2009

Está Chegando



Sábado tem Grupo Corpo.

Todo ano é a mesma coisa: Eu fico ansiosa desde a hora de comprar o ingresso por telefone até a hora de aplaudir de pé (sempre), gritando BRAVO!!!

Até parece que sou eu que vou subir no palco. Até hoje quando sinto o cheiro de gel Bozzano e do spray de cabelo Karina, me dá um frio na barriga. Me lembra coque esticado, grampos machucando para não sair um fio do lugar.

Quem sabe, nesse final de ano, eu volte (bem de leve) a fazer uma apresentação. Eu estava bem segura até o mês passado, com a coreografia na ponta dos tacos. E então me mudaram de turma e lá se foi a coreografia. Ainda não se sabe qual vai ser a nova: Será um Soléa por Buleria? Um fandango? Uma alegria? O que eu sei é que teremos apenas 3 meses para pegar tudo e me matar de ensaiar.

Agora não terei nada me apertando a cabeça e se algum fio de cabelo cair me cair no rosto, este também fará parte da história.

domingo, agosto 02, 2009

Felicidade



É engraçado e no mínimo curioso.
Ultimamente, quando me sinto feliz, imediatamente me imagino dançando flamenco. Loucamente.

Inv(f)erno

Já gostei mais de inverno noutros tempos. Quando não o tinha nunca.
Hoje já não suporto mais.
Sol, onde estás que não responde?
E pensar que está logo ali. Atrás das nuvens.

Verde Água

Já faz algum tempo que venho tendo necessidade desta cor na minha vida.
Não me pergunte o por quê. Tenho vontade de ter roupas verde água, objetos verde água, uma casa verde água. Nem que seja uma parede.
Encontrei esta foto e queria esse lugarzinho para mim.





À Deriva

Fui agora pouco assistir o filme "À Deriva" escrito e dirigido pelo Heitor Dhalia. Fui sozinha. Tem filmes que prefiro ver sozinha. É uma das poucas coisas na vida que gosto de fazer sem companhia.
Não consigo escrever sobre o filme, só me vem palavras soltas:
- Verde água
- Água
- Calor
- Adolescência
- Anos 80 (época da minha infância)
- Moreno
- Pai
- Café da manhã
- Pais que se separam
- Dor

segunda-feira, julho 27, 2009

Chuva


Quando chove em São Paulo, não é como quando chove em Três Lagoas.
Quando chove em São Paulo, o céu fica cor de chumbo e toda a cidade também. É um cinza tão forte, que parece que vai ficar assim para sempre. Tudo fica meio triste. Não, eu não estou triste,
pelo contrário. Mas é difícili maginar como alguém pode ser absolutamente feliz em dias de chuva em São Paulo. Alguém é absolutamente feliz? Já pensou, nascer em um dia assim? Ou se casar num dia assim? Ninguém está livre.

Quando chove em São Paulo, parece Macondo.

"Choveu durante quatro anos, onze meses e dez dias. Houve épocas de chuvisco em que todo mundo pôs a sua roupa de domingo e compôs uma cara de convalescente para festejar a estiagem..."

Gabriel García Marques - Cem Anos de Solidão

segunda-feira, julho 20, 2009

O Troco

Eu acabei de ler num blog uma postagem sobre o termo "Se cuida" e também preciso me manifestar.
Para falar a verdade, antes de ficar sabendo sobre a exposição "Cuide de você" da Sophie Calle, eu achava que só eu e a Jú tinhamos ódio de quando recebíamos, depois do beijo de boa noite no carro em frente de casa, um "Se cuida"-destruidor-das-esperanças. Me senti amparada e até um pouco menos neurótica, depois que vi o quanto essas palavrinhas incomodam de um modo geral. O problema é que: alguns ainda fazem uso desta maneira no mínimo indelicada de dizer: "Se cuida, porque eu é que não vou cuidar".
MAS (ahahahahahah) depois de vários Secuidas que eu já levei na vida, resolvi dar o troco. No último mês tive a oportunidade de mandar dois, de propósito, a quem bem merecia. Depois do conhecido sumisso sem qualquer explicação, nem sentido, nem educação, aquele papinho "pois é, você anda sumida, quanto tempo, blá blá bla" eu mandei com a boca cheia no final na conversa: "Se cuida, heim". O HEIM também é de matar.
Está aí uma boa utilidade. Uma carta na manga. Um trunfo, para os que, como eu não conseguem nunca, nem de brincadeira serem superficiais.

quinta-feira, julho 16, 2009

Voltei

Depois de muito tempo, cá estou novamente. Me voltou a vontade de escrever.

Estou nos últimos meses sem um livro ou autor "fixo". Como é de costume, me apego a algum escritor e nele mergulho. Só me tem caído nas mãos livros de contos e sinto vontade de ler um bom romance. E assim fico pulando: Ítalo Calvino - Gore Vidal - Borges... cada um num dia da semana.
Meu pai me mandou por sedex (com um bilhete querido) o livro de contos "Vagamundo" do uruguaio Eduardo Galeano. Estou gostando. Interessante a proximidade, não apenas física, por ser um escritor latino americano, mas de como a escrita tem algo bem brasileiro em suas entranhas.
Quero ler algum do Rodrigo Lacerda. Não apenas porque não conheço, mas acho que preciso ler mais os autores contemporâneos.
E o Marçal Aquino que anda sumido? Ou sou eu que estou desinformada?