segunda-feira, outubro 02, 2006

Sobre violência

Aconteceram na última semana.
Cena 1:
- Eu e Jú atravessando a rua. Por causa do meu tornozelo capenga, não consigo mais correr. E uma vez no meio da rua, é entregar pra Deus. Um taxista acelerou o carro para cima da gente. A Jú me puxou e alcançamos logo a calçada. De duas uma: ele era um louco psicopata que tem fixação em atropelar mocinhas. Ou se diverte vendo as pessoas correndo, desesperadas da sua máquina possante. É fato, eu não consigo correr. Ele poderia ter facilmente me atropelado. Foi por bem pouco.
Cena 2:
- Sexta-feira, 1 hora da tarde. Um homem como outro qualquer, vestindo apenas um bom jeans, desce caminhando a Av. Angélica. Normalíssimo. Se ele não estivesse com o olho direito estourado, cheio de arranhões nos braços. O sangue escorria pelo seu peito nú. E ele ia calmamente, de cabeça erguida, como se tivesse acertado as contas com alguém. Ou como se tivesse indo comprar o jornal na banca da esquina.
Cena 3:
- Meia noite de sábado pra domingo. A gente descia a consolação de carro, conversando animadamente. Na base da polícia no começo da Av. Paulista. Um Uno estacionado, os vidros abertos, e um policial berrava apontando uma arma bem próxima ao rosto do motorista. Vai saber o que acontecia. Um minuto de silêncio. Do que a gente estava falando mesmo?
Desde que voltei a morar em São Paulo, nunca havia sofrido nenhum tipo de violência. Não que de fato, eu tenha agora sofrido. Não precisa ser direta, física, ou com você. Mas viver num ambiente violento não deixa de ser uma forma de agressão.
É por essas e pelo Boris, que fico aflita para chegar logo em casa. Todos os dias.

12 comentários:

Anônimo disse...

Bel´s back to the chain gang... bom, muito bom...

esse lance de violencia está ficando sério... cada vez mais aumenta a vontade de morar no meio do mato.... com 10,12 cães de raças variadas...

Anônimo disse...

seguuuuuura....seguuuuuuuuuura....
seguuuuuuuuura na mão de Deus....segura...
seguuuuuuura na mão de Deus...e vai...rs

Anônimo disse...

olá! sou português, o que é tornozelo capenga? em portugal, também existe violéncia....o normal em todas as cidades do mundo, infelizmente! beijos

Anônimo disse...

Você descreveu 3 acontecimentos ruins de São Paulo. Agora num exercício de otimismo, descreva 3 acontecimentos bons, que só poderiam acontecer também em São Paulo.
Acredito que no final São Paulo, é mais "bons" do que "ruins", por isso tá todo mundo aí...
Beijos!

Tá Boa? disse...

Hugo: Si si! Mas no meio do mato tem marimbondo e cobras...uhhh!
Nuno: Primeiramente adoro este nome bem português: NUNO. Bem, tornozelo em portugal é tornozelo mesmo? E capenga é algo meio estragado, que não funciona direito... danificado.
Marco: É bem verdade. Muitas coisas boas também. Como assistir "O Diabo Veste Prada" na estréia...
Beijos

Anônimo disse...

putz, é verdade...
que seja então uma casa de campo com piscina e sem insetos...

Anônimo disse...

olá! já vi que tens um historial de lesões... as melhoras do teu tornozelo "capenga". achei piada á expressão! eu tenho uma costela brasileira! o meu avô foi p brasil com 14 anos, p S. Paulo...dizia ele k a familia dele tinha uns supermercados. e tenho familia no brasil, k não conheço, de apelido Medon!

Gabriel Villa disse...

muito triste essa violência toda.
Eu acho que por nunca ter morado em outro lugar, eu acabei ficando blindado dessas coisas. Provavelmente passei por situações como essas, mas praticamente não lembro, é como se elas nunca tivessem acontecido.
Estava conversando com a Jú dizendo que a violência não chega até mim, mas ela me lembrou que tive 4 vezes meu carro estourado para roubar o rádio em 3 anos, na época do peugeot. E eu simplesmente apaguei isso da minha cabeça. Vai saber... A gente é o que a gente quer ser mesmo.

Anônimo disse...

Como vc pode finalizar seu texto dizendo que a violência não se destina diretamente a vc?! Um carro acelerando em sua direção, o que é?
Perceber td isso é um privilégio dos que experimentaram um pedaço de vida diferente ou uma tortura? O que será melhor, anestesiar-se (desculpe Gabriel) ou entrar em contato com o que os olhos veêm?

otro disse...

apesar da cena, a noite de sexta pra sábado foi bem divertida, precisamos nos ver mais, espero que vc tenha gostado tbm.
beijo fia

Gabriel Villa disse...

Beta,
é exatamente isso... eu estou anestesiado. acho que essa foi a forma que eu encontrei para conseguir gostar de sao paulo...
os carros vem em minha direção, eu tomo susto, desvio, mas esqueco logo depois. Até que alguém vire e fale: caramba, o carro veio na sua direção! que violência! e eu tenha que admitir para mim mesmo que não estou na cidade que eu acho que estou.

Anônimo disse...

Mas se não é a mocinha que me deve dois (sim, dois) cafés...